Não tem como ir ao Peru e não conhecer aquele que é o mais famoso sítio histórico das Américas, uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Machu Picchu era um dos meus maiores sonhos viajísticos!
Chegar até lá não é tão rápido e nem tão barato, mas vale a pena viu?
Um pouco de história
Machu Picchu, até hoje, possui uma história cercada de mistérios! Ninguém sabe ao certo sua origem e o que de fato ali aconteceu. Claro que, com base nas escavações e nos resquícios, muitas suposições podem ser feitas.
O nome Machu Picchu, em inca, significa “Velha Montanha”. A cidade foi construída ao pé de uma montanha, em uma região bastante chuvosa, o que garantia água. Para a distribuição dessa fonte essencial, aquedutos foram construídos por toda a cidade.
A função de Machu Picchu é desconhecida, mas supõe-se que esteja ligada ao sagrado. Cidadãos especiais, escolhidos pelo deus Inca, podiam morar ali para estudar astronomia e fazer cerimônias sagradas.
A região sofre terremotos e, por isso, as construções, feitas do encaixe de pedras, seguiam uma forma que permitia sua sustentabilidade ao longo de todas os intempéries da natureza.
O mistério de Machu Picchu continua com o seu abandono. Supõe-se que, com a chegada dos espanhóis e a destruição de várias cidades incas, o povo resolveu abandonar Machu Picchu e não permitir que a mesma fosse descoberta pelos invasores. Para isso, os caminhos que levavam a cidade sagrada foram destruídos pelo habitantes! E, dessa forma, a cidade se manteve preservada pois nunca foi descoberta pelos espanhóis.
Claro que a ideia de uma cidade sagrada perdida era contada de geração para geração. Até que Hiram Bingham, um arqueólogo americano, pediu para um local levá-lo até esse lugar misterioso. E assim, ele “descobriu” Machu Picchu e a revelou ao mundo.
Vamos ao passo a passo prático da nossa visita!
Como chegar?
Como uma cidade inca que permaneceu escondida por anos seguidos, o acesso não é dos mais fáceis. Antigamente, era através da trilha inca que se chegava. Muitos aventureiros continuam fazendo essa trilha hoje em dia, num percurso de 5 dias de caminhada. Para mim, essa não era uma opção pois o esforço aliado à altitude e à gravidez não permitia.
Então, como chegar? Primeiro, compramos com bastante antecedência (3 meses antes) o trem de ida e volta. O trem podia sair de Poroy, mais perto de Cusco ou Ollantaytambo. Este último é o menor percurso de trem, o mais barato e o com maior disponibilidade de horários. Além disso, esta estação de trem fica na última cidade do passeio do Vale Sagrado. São duas companhias de trem que fazem os trajetos: Inca Rail e Peru Rail.
Entrei no site oficial das duas companhias e escolhi o melhor horário para a gente. Queríamos pegar o trem ao final do passeio do Vale Sagrado mas de modo que desse para fazer o passeio em Ollantaytambo com calma. Compramos o da Incal Rail que saia as 16:36 hrs. Para a volta, compramos também pela Inca Rail para o dia seguinte às 14:30. Cada perna do trem custou 61 dólares! Em Cusco, antes de pegar o trem, é preciso ir até a agência física da Inca Rail pegar a passagem. Ela fica na Plaza de Armas, bem fácil de achar. Aconselho comprar a volta para mais tarde e explico mais à frente.
A vista durante o trem é muito linda, como mostram as fotos acima. O trem chega em Água Caliente. Na estação um rapaz do nosso hotel nos esperava e seguimos caminhando. A cidade é bem inclinada e haja ladeira para subir! Jantamos, dormimos e acordamos cedo no dia seguinte. Resolvemos sair do hotel às 7 horas da manhã e seguir até o local dos ônibus que levam a Machu Picchu. O ingresso do ônibus compramos na noite anterior. Custava 25 dólares. Tudo é muito caro! O ônibus faz todo o caminho de subida até a porta do parque.
O ingresso de Machu Picchu também compramos com bastante antecedência pela internet. Era preciso escolher o turno da visita e escolhemos a da manhã. Na verdade, você pode entrar duas vezes dentro do seu turno. Se o horário passar e você tiver dentro, não é obrigado a sair não!
Voltamos umas 12 horas no ônibus, passamos no hotel para pegar nossas mochilas, almoçamos e fomos para a estação de trem. Pegamos nosso trem até Ollantaytambo e, chegando lá, conseguimos uma van para nos levar de volta a Cusco.
Como foi nosso passeio
Já na subida pelo ônibus, o tempo mostrou que não ia ajudar. Chovia muito! Chegando na entrada de Machu Picchu, compramos uma capa de chuva e entramos em um grupo de uma guia local. Nosso grupo tinha umas 10 pessoas. Fizemos o primeiro percurso todo com a guia, ouvindo as explicações e tirando algumas fotos. Durou 1,5 hora.
Ao final, saímos do parque para poder ir ao banheiro e comer. Não há banheiro ou qualquer comida dentro do parque. Tínhamos direito a mais uma entrada e queríamos subir naquele local das fotos clássicas e fazer mais uma volta. Porém a chuva resolveu apertar, e muito!!! E a angústia começou! Me arrependi de ter comprado o trem do retorno no início da tarde. Porque todos diziam que o tempo abriria perto do meio dia. Quando deu 11 horas, a chuva diminuiu um pouco e resolvemos entrar. E tudo deu certo! Conseguimos alguns momentos de tempo sem chuva e com as nuvens dando uma trégua.
Por dentro de Machu Picchu
A cidadela era dividida em dois grandes setores: o agrícola e o urbano. Começamos a visita entrando no setor agrícola e vendo os terraços, onde as plantações eram feitas em degraus, aproveitando o clima conseguido em cada altura. Também ali ficavam os armazéns onde era estocada a comida que chegava até ali carregada pelas llamas.
Logo abaixo é possível ver a Huayna Picchu ou montanha jovem em que eram feitas várias observações astronômicas.
Todas as construções, assim como em Cusco, eram de pedra sobre pedra. Não havia nada para juntar as pedras, apenas o encaixe.
Ainda é possível ver a água escorrendo pelos antigos aquedutos que abasteciam toda a cidade. Os incas construíram um sistema que levava a água do lençol freático para a cidadela, principalmente para as áreas mais nobres.
Passamos por um local utilizado pelos astrônomos para entender os horários e os períodos do ano, através do reflexo do sol pelas janelas.
Chegando na área sagrada de Machu Picchu, subimos para conhecer o Intihuatana. Sua função era ser um relógio solar e fica no ponto mais alto da cidade. Suas pontas estão alinhadas aos pontos cardeais e criam-se sombras que se movem com a posição do sol.
O Templo das Tres Ventanas é composto por três níveis que representariam o céu (mundo espiritual), a terra (mundo na terra) e o subterrâneo (vida interior).
Fomos andando para a parte residencial de Machu Picchu. Conhecemos uma habitação onde dormiam várias pessoas e animais.
Por fim, conhecemos o Templo do Condor. A pedra no chão significa o condor. Esta ave representava o elo entre o mundo terreno e o espiritual.
Terminando o tour guiado, saímos e ficamos esperando a chuva dar uma trégua. Então, entramos e fomos até a parte mais alta onde se tem aquela visão clássica de Machu Picchu.

Nossa pequena viajante na barriga
Ao final de toda nossa visita, só tenho certeza que Machu Picchu é um lugar mágico, único e inesquecível!!